Segundo o dicionário: Do verbo incluir, significa conter em, compreender, fazer parte de, unir-se a. Quando o assunto é deficiência, ou pessoas com deficiência, invariavelmente se pensa em inclusão, ou seja, medidas e ações que buscam, ao menos em teoria fazer com que as pessoas com deficiência sejam integrantes participativos e ativos da sociedade.
Na visão de maioria das pessoas, incluindo autoridades e os próprios PCDs isso é algo benéfico e funcional. Mas na minha visão não é bem assim.
Confesso que eu tenho totalmente minhas rodas atrás, quando o assunto é inclusão de deficientes. O que parece que foi feito para incluir (E até acredito que foi mesmo), na verdade aumenta a exclusão, o que foi feito para mostrar que somos iguais, na verdade acentua mais qualquer diferença que possa existir.
Ao contrário das ações afirmativas feitas para a população afrodescendente por exemplo, que além de tentar amenizar séculos de desigualdade histórica, e o mais importante, que buscam permitir de fato que o negro de tenha condições iguais no mercado de trabalho, na educação acadêmica e no contexto social como um todo, as ações similares para pessoas com deficiência, me parecem apenas bravatas afirmativas.
A lei 8213/91 determina que empresas de 100 funcionários ou mais incluam de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências habilitadas na seguinte proporção: até 200 empregados, 2%; de 201 a 500 empregados, 3%; de 501 a 1000 empregados, 4%; e de 1001 em diante.
O que devia ser extremamente benéfico e inclusivo, na verdade diminuí ainda mais nossas chances de inserção do mercado de trabalho de forma digna. Explico: Segundo pesquisa recente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e Catho, 81% das empresas contratam pessoas com deficiência apenas para cumprir a cota.
O que isso significa na pratica? Que os deficientes não são realmente inclusos, são apenas jogados. Fora que as vagas oferecidas, nada têm a ver com as qualificações dos mesmos, geralmente são cargos operacionais ou subcargos. Muitos deficientes graduados, e pós-graduados, mestres, doutores até, recebem propostas para trabalharem como faxineiros, ascensoristas ou algo do gênero, apenas pela obrigação de cumprir a cota. E o fato de ter a cota nos tira a possibilidade, na prática, de concorrermos a vagas fora dela. Isso é inclusão?
Mas vamos falar de coisas mais simples. Em todo lugar o cadeirante tem lugar reservado (estádio, shows, teatro, etc. . .) Isso claro, é ótimo, pois permite que a gente consiga ter boa visão do local e um certo conforto. Porém, geralmente apenas um acompanhante pode ficar junto. E muitas vezes também não deixam o cadeirante ficar fora do reservado. Ou seja, o cadeirante não pode sair em turma e nem ficar no mesmo lugar que todo mundo, tem que ficar no reservado com apenas uma pessoa. Isso é inclusão ou exclusão?
Eu acredito que a maneira que nossa inserção na sociedade está sendo feita trará poucos resultados reais. O primeiro e principal passo, é o próprio PCD entender que ele não precisa ser incluído em nada, ele é, e deve ser membro atuante na sociedade naturalmente, e para isso, deve sem medo, reclamar, se manifestar e cobrar uma visão e posicionamento diferente da sociedade PCD pode e deve ser peça importante na engrenagem social como um todo.
A inclusão deve ser real e efetiva, não pode ser tratada como favor ou esmola!
Comments