Nós pessoas com deficiência somos 24% da população o que significa que somos 45 milhões de pessoas, ou seja, não somos uma minoria. Circula nas redes sociais uma matéria dizendo que o candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL), votou contra a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) que garante todos os direitos a nós pessoas com deficiência.
A matéria em questão está parcialmente correta, pelo fato de que o então deputado federal pelo Rio de Janeiro, votou não contra a lei e sim contra o inciso VI do § 4 do art. 18, que diz:
§ 4 As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegurar: VI - respeito à especificidade e à identidade de gênero e orientação sexual da pessoa com deficiência;
E não contra a lei de forma geral, então quer dizer que o candidato não é contra as pessoas com deficiência? Não é bem assim, pois em seu plano de governo não se encontra nenhuma citação a políticas públicas para pessoas com deficiência, não há menção da palavra acessibilidade ou até mesmo da palavra inclusão no contexto da pessoa com deficiência.
Sobre o não de Bolsonaro as pessoas com deficiência, pessoas dizem que não é tão grave, visto que ele vetou apenas o inciso quarto do art. 18, que trata sobre identidade de gênero e sexualidade, mas perceba a gravidade disso, o candidato em questão votando contra esse artigo se manifesta contra a diversidade sexual da pessoa com deficiência, e justo nesse ponto, que é de fundamental importância da discussão. Pois só quem conhece a realidade das pessoas com deficiência é capaz de entender como é importante discutir e respeitar a sexualidade dentro desse universo.
Ainda sobre o plano de governo o mesmo não apresenta propostas concretas, apenas justifica os problemas do país como originários da gestão anterior, fala em preservação de valores como a família, mas como se preserva a família e a continuidade dela sem discutir a sexualidade?
Por fim, não é estranho encontrar total ausência de citação a pessoa com deficiência no plano de governo de Bolsonaro, esperar o que de um candidato que não respeita as verdadeiras maiorias, que são mulheres, negros e pessoas com deficiência.
Tempos difíceis virão e só a união e a consciência de classe podem garantir nossos direitos.
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