Coletivo feminista Helen Keller, um espaço de luta e diálogo sobre feminismo e deficiência

#DescriçãoDaImagem: Quadro preto no lado esquerdo está escrito em amarelo e vermelho "Coletivo feminista Helen Keller de mulheres com deficiência, no centro está uma foto de Helen Keller, uma mulher de pelo branca e cabelos curtos. Ao lado está o logo do coletivo, uma ilustração de Helen Keller segurando uma rosa na mão e atrás o símbolo do sexo feminino

Cada vez mais as pessoas com deficiência tem se organizado pela busca de seus direitos, mas mesmo alguns temas como sexualidade e o papel da mulher dentro do universo da pessoa com deficiência ainda é pouco discutido.

Para resolver e, principalmente, abordar esses e outros assuntos do universo feminino nasceu o Coletivo Feminista Helen Keller que desde 2018 se propõe a ser um coletivo que em âmbito nacional para facilitar a participação de todas as mulheres interessadas, as reuniões são totalmente online por videoconferência e por um grupo de WhatsApp. O grupo conta hoje com 30 integrantes distribuídas em nove estados brasileiros. Entre as participantes do coletivo estão Vitória Bernardes e Carolini Constantino, militantes da causa da pessoa com deficiência e que já foram entrevistadas pela Deficiência em Foco.

Além de lutar contra todos os desafios diários de serem mulheres com deficiência o Coletivo Feminista Hellen Keller luta pela desmistificação do conceito de feminismo, conta Carol “quando se fala de “feminista”, muitas pessoas associam a ideia de mulheres que não se depilam e que odeiam os homens, mas quem pensa assim está completamente enganado. O feminismo luta para que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens e que não sofra preconceito somente por ser mulher”, explica.

Mas o trabalho do coletivo é amplo e busca mudar o cenário social e promover o empoderamento “estamos sempre participando do controle social, execução de projetos e marcando presença em eventos, dando palestras, rodas de conversa, buscando mais visibilidade e debates sobre nossas pautas. Entre nossas pautas, compreendendo que a acessibilidade é transversal a todas elas, estão: - Participação política das mulheres com deficiência -Direitos sexuais e direitos reprodutivos como pauta central para garantia ao acesso à saúde -Privação de direitos e seus efeitos na perpetuação da invisibilidade e de violências -Inclusão no trabalho e os caminhos para o empoderamento econômico -Acesso à educação”. Conta.

Segundo Carol as mulheres com deficiência também são vítimas do machismo, além disso, o capacitismo está presente na vida das mulheres “Nós, as mulheres com deficiência, também somos vítimas do machismo, no entanto, além do machismo também somos alvos do capacitismo “a discriminação que ocorre contra todas as pessoas com deficiência, mas acaba prejudicando mais ainda as mulheres devido ao nosso gênero. Um exemplo claro de capacitismo sobre as mulheres, é a ideia de que não seremos boas companheiras/esposas por não conseguirmos lavar, passar e limpar a casa… Ideia totalmente machista e ao mesmo tempo capacitista, pois, podemos ser ótimas companheiras sim, e quem disse que os afazeres domésticos somente podem serem feitos pelas mulheres? Pensando dessa forma, várias mulheres com deficiência sentiram a necessidade de nos unirmos para debater, nos fortalecer e enfrentar tantas barreiras impostas pela sociedade, que muitas vezes são esquecidas pelos outros movimentos feministas”. Relata.

Por conta disso tudo, o Coletivo Feminista Helen Keller, se destaca na construção de pautas que contemplem a intersecção de gênero e deficiência pela perspectiva feminista “mesmo o CFHK sendo formado exclusivamente por mulheres com deficiência, buscamos constante diálogo com o Movimento Feminista, de Mulheres e Direitos Humanos para compreensão e defesa de nossas pautas dentro desses movimentos. O Coletivo é formado por mulheres com deficiência, mas a busca pelo enfrentamento ao capacitismo (que vai além da falta de acessibilidade) e machismo precisam ser acolhidos por todas e todos”. Finaliza.

Todo o trabalho do Coletivo Feminista Helen Keller pode ser acompanhado nas redes sociais tem a página do Facebook Coletivo Feminista Helen Keller e o Instagram (@coletivohelenkeller).

Quem foi Helen Keller

Helen Keller (1880-1968) foi uma escritora e ativista social norte-americana. Cega e surda formou-se em filosofia e lutou em defesa dos direitos sociais, em defesa das mulheres e das pessoas com deficiência. Foi a primeira pessoa cega e surda a entrar para uma instituição de ensino superior.