Fotografar, entrevistar, reportar são atitudes comuns de quem vive a rotina do jornalismo, mas na última semana uma atitude normal no dia a dia do trabalho de um repórter ganhou dimensões incalculáveis.
O repórter Rogério Roque da Rede Primeiro Minuto da Paraíba, foi fotografado durante uma entrevista com o goleiro Wagner Coradin, time paraibano Campinense. Até ai não seria nada demais, pois uma foto durante uma entrevista é algo comum. O detalhe foi que o goleiro se ajoelhou para dar a entrevista, a explicação para isso, é pelo fato do repórter Rogério Roque ter uma deficiência chamada osteogênese imperfeita e tem apenas 1,30m de altura.
A osteogênese imperfeita, é conhecida popularmente como “Ossos de Vidro”, tem como característica a fragilidade óssea, podendo ser congênita e afetar desde o feto, causando fraturas e deformações.
Por conta da deficiência Rogério utiliza muletas para se locomover, conversei com ele sobre jornalismo, pessoas com deficiência, preconceito e desafios da vida de repórter.
O dia a dia da profissão
Sobre o dia a dia de trabalho ele conta que não encontra muitas dificuldades para exercer a profissão, porém, no momento das coberturas a situação é outra “encontrei algumas dificuldades, principalmente, a acessibilidade nos estádios, não nas grandes arenas”, comenta. Segundo ele a situação dos estádios brasileiros é muito parecida, mas que é preciso superar “passo por cima disso para poder levar a informação aos ouvintes”. Afirma.
A pessoa com deficiência no jornalismo
Sobre a pessoa com deficiência dentro do radiojornalismo ele conta que está começando a observar algumas coisas e percebe a dificuldade de encontrar pessoas com deficiência na comunicação “não é comum você encontrar um jornalista, um fotógrafo, um apresentador, seja no âmbito do rádio ou TV, por isso, gera tanto espanto para as pessoas. Infelizmente não temos espaço”. Lamenta.
Preconceito
Quanto ao preconceito, Rogério conta que na Rede Primeiro Minuto, é muito bem tratado e nunca sentiu nenhum tipo de preconceito, mas acredita que passar por isso, será inevitável “creio que vou sofrer futuramente, pois nós vivemos em uma sociedade que não tem igualdade social”. Roque carrega consigo a ideia de capacidade e de que dando condições as pessoas com deficiência podem realizar qualquer função “nós somos iguais como qualquer outra pessoa, somos capazes de desempenhar qualquer tipo de função”. Comenta.
A foto
Rogério conta que a situação foi normal era para ser apenas uma entrevista com um atleta em uma saída de campo “no momento da entrevista o Alênio fez o registro para me presentear, ele mandou no grupo da família, e a irmã dele que é jornalista e ela enviou para outras pessoas do meio jornalístico para saber se alguém me conhecia”. Explica.
Depois disso a foto viralizou e ganhou o mundo “tanto dentro quanto fora do país, grandes personalidades e canais de TV postaram. Tenho certeza que viralizou pelo espanto das pessoas, acharam que isso era uma coisa de outro mundo. Vivemos numa sociedade hipócrita, que as pessoas se acham melhor que as outras, deveria ser uma coisa normal”. Desabafa.
Agradecimento
Rogério Roque agradeceu e deixou um recado para os leitores da coluna Deficiência em Foco:
“Agradeço pelo espaço, um super-abraço a todos os leitores. Que as pessoas coloquem na cabeça que não existe ninguém melhor do que ninguém, e que possamos fazer qualquer tipo de trabalho dentro das nossas condições. Um forte abraço em nome da Rede Primeiro Minuto”.
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