O Brasil tem cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência, 23,9% da população. Se pensarmos em comunicação e mídia temos um público avassalador, que poderia consumir muitos conteúdos a respeito de sua classe e de seus direitos. Mas, a realidade não é bem essa, além de lutar contra a falta de inclusão e acessibilidade, muitos têm que lutar contra a falta de informação e interesse da mídia tradicional.
Espaços como este, e como o do Blog Vencer Limites, do Jornal Estadão, estão ai para nos representar, levantar questionamentos e contar boas histórias. Hoje vamos conhecer a história de Luiz Alexandre Souza Ventura, jornalista e criador do Blog Vencer Limites.
Luiz, desde os 12 anos convive com a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth, “Que provoca atrofia muscular progressiva, afeta principalmente braços e pernas”, conta. Os sintomas variam de acordo com o nível da doença e incluem fraqueza muscular, diminuição da massa muscular e da sensibilidade, e os dedos tem formato de martelo e arcos elevados.
Formado em jornalismo pela Universidade de Santa Cecília (Santos/SP) pós-graduado em Tecnologias da Informação pelas Faculdades Associadas de São Paulo (FASP), Luiz começou a carreira em 1996 no jornal a Tribuna, em Santos (SP), foi editor do portal do Estadão, trabalhou para a Editora Abril, jornal Diário do Comércio, Rádios Globo e CBN. Para tentar entender melhor essa relação entre jornalismo e pessoas com deficiência, conversamos com Luiz.
Ele começou contando sobre a criação do Blog Vencer Limites “A ideia de criar um espaço de jornalismo para falar sobre o universo da pessoa com deficiência, surgiu em 2006, fui trabalhar na Rádio CBN, contratado na cota de pessoas com deficiência”, mas na Rádio CBN essa ideia não aconteceu, somente em 2011, após a saída da CBN e sua ida para o Estadão é que a ideia tomou forma “A diretora do portal nos pediu para procurar blogs que tratassem de temas que não faziam parte do que eles já tratavam” explica. Foi nesse momento que Luiz apresentou o projeto do Blog Vencer Limites “Ela aprovou a ideia e o blog entrou no ar dia 11 de setembro de 2011”.
Mesmo com abrangência de público e espaços dedicados a pessoa com deficiência, a mídia geral tenta produzir matérias, mas são apenas em datas especiais e de forma superficial “As reportagens são sempre através da observação médica da situação, não falam sobre educação e não explicam o que é conviver com deficiências” comenta, Luiz. Além disso, outra questão característica da mídia geral é o exagero ao se referir as pessoas com deficiência, ou são heróis ou são coitados “De forma geral os grandes veículos seja de rádio, internet ou TV, não tratam desse assunto com profundidade e geralmente às matérias são superficiais e tratam a pessoa com deficiência de forma extrema ou ele é o exemplo de superação ou é o cara que não tem nada na vida” explica.
Desta forma é preciso pensar uma comunicação de forma inclusiva, não apenas no suporte tecnológico, mas também na forma de tratar as pessoas, dando a elas espaço e representatividade. Somente assim o jornalismo será inclusivo de fato.
Créditos:
Fotos: Arquivo pessoal
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