Foto: Guilherme Rodrigues - GR Press - Divulgação
Recentemente uma notícia movimentou o mundo da inclusão, pois novamente o futebol deu um exemplo de inclusão. Desta vez o destaque vai para o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense que apostou em um meia atacante de 19 anos com uma deficiência auditiva hereditária, já que seu pai e seu avô apresentam a mesma condição.
Jhonata Robert Alves da Silva se destacou pela equipe gaúcha na participação na Copa São Paulo de Futebol Júnior, quando a equipe chegou as quartas de final, diante do Corinthians. Ele estava emprestado do Barra de Santa Catarina, e depois do bom desempenho na competição, o Tricolor exerceu o direito de compra.
O jovem é um camisa 10 clássico e marcou dois gols na competição, até ai não seria nada de novo um clube contratar um jovem promissor, porém, Jhonata possui uma deficiência auditiva que lhe reduz a 70% a capacidade em cada um dos ouvidos.
Para conhecer mais da história de Jhonata, conversei com o próprio, que contou sobre sua carreira, a deficiência entre outras coisas. Segundo ele, sua deficiência auditiva não tem um nome específico, e que com o tempo aprendeu a lidar com ela “meu dia a dia tem sido bem tranquilo pelo fato de hoje em dia saber lidar com isso”, mas ele conta que nem sempre foi assim “antigamente que era um pouco mais complicado pelo fato de não reagir bem, hoje em dia é chato, mais nunca me atrapalhou”. Conta.
Ainda é natural no meio das pessoas com deficiência a presença de bullying e outras formas de preconceito, Jhonata conta que isso fez parte da sua rotina, mas que não se deixou abater “já sofri bullying sim, na escola e em treinos”, mas o desejo e o sonho de ser jogador de futebol o ajudaram a vencer mais esse jogo “eu fui me adaptando no meio do futebol, procurando ficar mais atento e ligado pelo fato de ter esse problema e comecei a me aplicar ainda mais”. Explica.
Sobre ser um exemplo para outras pessoas com deficiência, ele diz que não pensa nisso, porém, frisa a busca por seu sonho em ser jogador de futebol “Eu não sei se sou, mas só queria deixar claro que nada pode impedir da gente realizar nossos sonhos, então corra sempre atrás independente de qualquer coisa, que vai dar tudo certo”. Afirma.
Como o clube trabalha essas questões
Ouvimos também Francesco Barletta, Coordenador-Geral das Categorias de Base do Grêmio, que falou sobre a estrutura da base do clube e como eles trabalham questões como a de Jhonata “temos uma estrutura toda voltada para a individualidade do atleta e para suas necessidades. Para isso temos toda a equipe multidisciplinar para atender isso, com psicóloga, assistente social, pedagoga, nutricionista, entre outros.” Conta.
A deficiência
Pode parecer estranho, mas a deficiência de Jhonata realmente não tem um nome que a caracterize. Para entender mais sobre isso, pedimos para a fonoaudióloga Augusta Roth Valentini explicar as diferentes perdas auditivas. Segundo ela, o primeiro passo, é entender a audição “define-se como audição normal aquela em torno de 20 decibéis, que permite ouvir todos os sons da fala e a associação da fala com a audição, possibilitando o desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem. Valores acima de 25 dBNA (decibéis nível de audição) podem ser considerados perda auditiva”. Explica.
Ela também explica que independente da causa e graus da perda auditiva ela se enquadra nos quatro tipos deficiências auditivas que são: Condutiva, Sensorioneural, Mista e Neural. Além disso, Augusta explicou os níveis de deficiência auditiva que vão de leve (26 a 40 dNBA), moderada de (41 a 70 dNBA), severa de (71 à 90 dNBA) ou profunda (maior que 91 dNBA).
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