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Foto do escritorAntonio Silva

MÚSICA SOBRE RODAS: A HISTÓRIA DE LE BATILLI

Atualizado: 14 de jun. de 2018

Leandro Batista Lima, ou simplesmente Le Batilli, 31 anos, é um músico e compositor porto-alegrense, que se tornou cadeirante há cinco anos, devido a um linfoma intramedular, uma espécie de tumor na coluna, que fez com que ele perdesse os movimentos das pernas. Mas, a presença da música em sua vida fez com que a cadeira de rodas se tornasse apenas mais um objeto que se agregou em sua vida, “A música sempre esteve na minha vida de alguma forma, mas foi após a morte do meu irmão, que comecei a dedilhar algumas músicas”, conta Le.

A música sempre esteve presente em sua vida, na juventude, Le já montou duas bandas de rock, no Bairro Restinga. A primeira de forma amadora, tocava em escolas de bairro, já com a segunda chegou a fazer shows em diversos festivais de Porto Alegre. Hoje Le aposta na carreira solo e tem se destacado pela qualidade e profundidade de suas letras.

As dificuldades de Le Batilli são basicamente as mesmas de qualquer pessoa com deficiência que precise de uma cadeira de rodas para se locomover, a falta de acessibilidade e outras questões estão presentes no dia a dia de Le “A cadeira é sempre um desafio, as ruas são terríveis. Eu lido com isso muito bem, não me sinto diferente e nem menor que outra pessoa”, comenta.

Sobre a falta de acessibilidade na cidade de Porto Alegre, onde vive Le acredita que ainda falta muito preparo aos gestores públicos “A cidade está totalmente despreparada, desde as rampas para cadeirante não foram avaliadas por um cadeirante a cidade é muito deficiente”, declara.

É através da música que Le Batilli libera seu verdadeiro eu, com canções profundas e que fazem refletir, ele vem se destacando no cenário do Rock Gaúcho, segundo ele sua música trazem a linguagem do amor “Nas canções eu tento falar a linguagem do amor”. E foi com essa língua que Le se tornou o primeiro músico cadeirante a participar do Festival do Rock Gaúcho em 2017, que ocorreu no Auditório Araújo Viana no mês de Setembro. Além disso, no mesmo ano ele lançou seu primeiro álbum em carreira solo chamado Retalhos, “Foi fantástico participar do Festival de Rock Gaúcho, porque tinha minhas referências, como Humberto Gessinger, Duca Leindecker, Nenhum de Nós” Fui o único artista com deficiência e fui muito bem tratado.” Conta.


“A cidade está totalmente despreparada, desde as rampas para cadeirante não foram avaliadas por um cadeirante a cidade é muito deficiente”

A participação de Le no Festival do Rock Gaúcho está rendendo frutos, pois no mês de julho ele vai voltar ao Auditório Araújo Viana para participar de um novo festival. Tanto sua música quanto sua postura diante da deficiência faz com que reflitamos sobre nosso papel na sociedade, seja construindo formas de acessibilidade ou até mesmo a forma como enxergamos o outro “Quando a gente se autoaceita a gente se ama, a gente se cuida e a gente precisa lutar pelos nossos direitos, nunca desistindo”, finaliza.


Fotos: Arquivo pessoal

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