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Já está mais do que provado que tendo condições, principalmente, acessibilidade às pessoas com deficiência tem total condições de fazer qualquer atividade. A música também está presente nesse universo, pois a deficiência nada tem haver com o talento e a vontade de seguir na música.
Um desses caras que acreditam que música e deficiência podem andar lado a lado, é Eduardo, ou simplesmente, Dudé de 47 anos que nasceu com uma má formação congênita, a qual impediu o desenvolvimento de parte dos braços. A causa dessa má formação foi devido ao uso de um medicamento sedativo chamado Talidomida, que se usado durante a gravidez pode causar má formação ou ausência de membro.
Dudé é músico e canta na noite há 30 anos, além disso, é professor de canto popular e tem uma produtora que trabalha com produções artísticas e executivas. Ele também é vocalista da banda Dudé e a Máfia.
Segundo ele a música tem papel fundamental e sua vida “é minha principal forma de expressão, meu meio de vida e meu ganha-pão. Simples assim”. Afirma.
Pelo fato de não ter parte dos braços, ele não tem a possibilidade de tocar um instrumento, mas ele conta que convive de forma tranquila com isso “convivo e aceito isso numa boa e não vejo problema algum em admitir que tenho certas limitações. Superman só existe no gibi e no cinema. Esse é um dos motivos que me fez escolher cantar, pois as minhas limitações físicas não me restringem nesse sentido ” . Comenta.
No dia a dia a deficiência causa algumas limitações, mas não o impede de fazer suas atividades “tenho minhas limitações e preciso de ajuda pra fazer certas atividades como banheiro e vestimenta, por exemplo”, mas ele conta que algumas coisas o irritam, como as práticas assistencialistas e que tornam a vida da pessoa com deficiência um pé no saco “mas muito desse pé no saco vem da visão assistencialista e capacitista de muitos dos nossos segmentos sociais”, relata.
Para facilitar o seu dia a dia, Dudé projetou algumas adaptações “como não sou nenhum Einstein, então não teve como eu conseguir adaptar tudo de acordo com minhas necessidades, mas faço o possível quanto a isso. Tudo muito de boa”. Conta.
Na música de Dudé há uma referência muito interessante às mulheres com deficiência, “Nós temos uma música chamada Batom Blues que começou sendo dedicada às mulheres com deficiência e acabou se tornando um som dedicado à todas as mulheres. Chegamos a produzir o clipe dessa música, algo que muito nos orgulha”. Lembra.
Mas o ativismo dele vai além da música, pois participa de outros projetos ligados à pessoas com deficiência “sou apresentador de um canal no YouTube chamado Inclusão Na Lata idealizado pela jornalista e empreendedora Renata Lellis. Esse canal tem como objetivo derrubar tabus sobre a pessoa com deficiência, trabalho esse que eu e a Renata também fazemos através de palestras em empresas, universidades, escolas públicas e privadas e igrejas”. Explica.
Um dos projetos de Dudé se chama “Dudé e a Máfia”, que ele define assim “Dudé e A Máfia surgiu da necessidade de 6 músicos amigos de infância de se reencontrarem e esse reencontro já tem 6 anos”. Segundo ele a banda vem conquistando espaço no cenário do rock paulistano “lançamos um álbum ao vivo e um EP de estúdio e terminaremos esse ano com a produção do nosso primeiro álbum oficial. Todos os nossos clipes são produções independentes e conseguimos um bom espaço no cenário Rock paulistano de um tempo pra cá”. Conta.
Sobre outros músicos com deficiência ele diz o seguinte “conheço e eles são um pé no saco. Não é por causa da deficiência, mas porque os caras eram chatos mesmo... insuportáveis! Mas a vida é assim mesmo, quando falta talento, a criatura apela pra própria deficiência. Não tô dizendo que todo músico com deficiência é assim, mas os que eu conheci, simplesmente eram um porre”. Conta.
Para finaliza ele deixou um recado: “vivemos hoje, uma era de estupidez e idiotice. Porém, isso não quer dizer que você também tenha que ser estúpido e idiota. Sendo assim, por favor, não seja essa pessoa”. Finaliza.
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