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Entre 21 e 28 de agosto ocorre a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, devido a minha ligação com a causa, recebi várias programações de várias cidades e de certa forma me preocuparam algumas questões, principalmente no que diz respeito à participação e a inclusão da pessoa com deficiência.
Primeiro que a maioria das semanas tinham um caráter comemorativo, mas o que se estava comemorando mesmo? Afinal ainda estamos gatinhando em questões de inclusão e inserção social das pessoas com deficiência. Outro ponto que me chamou atenção foi à questão da participação das pessoas com deficiência nas atividades, poucos foram os momentos onde elas foram protagonistas, puderam falar e dividir suas experiências. Na grande maioria das vezes o que vi foram “técnicos” em alguma área falando genericamente dos temas, além disso, cansei de ouvir palavras como “portadores”, “especial” e “necessidades especiais”, ai eu me pergunto como essas pessoas que dizem estudar tanto não se ligam no básico, que é a terminologia que está atualizada há 10 anos.
Na grande maioria das vezes o que vi foram “técnicos” em alguma área falando genericamente dos temas, além disso, cansei de ouvir palavras como “portadores”, “especial” e “necessidades especiais”, ai eu me pergunto como essas pessoas que dizem estudar tanto não se ligam no básico, que é a terminologia que está atualizada há 10 anos.
Mais uma das coisas que percebi foi a questão relacionada às APAE´s, essa instituição que faz um trabalho sensacional de inclusão e reabilitação de diversas deficiências, porém, as deficiências não estão só nas APAE´s, mas o que as semanas mostraram é que parece que só há pessoas com deficiência nas instituições. O que sabemos que não é verdade, essa escolha além de estigmatizar que lugar de pessoa com deficiência é na APAE, tira a possibilidade dos não apaianos serem também representados.
A Semana das Pessoas com Deficiência deveria servir também para discutir ações inclusivas com a sociedade de forma geral, mas não é isso que vemos, a começar pelos horários das atividades, visto que poucas pessoas podem acompanhar. Além disso, ações como a “troca de papéis” repetidas em inúmeras cidades, mostra certa ingenuidade dos organizadores, já que essa ação não inclui e por vezes reforça paradigmas que impedem a inclusão e a mudança de postura.
É nessa semana também que deveriam ser destacadas as ações dos Conselhos Municipais das Pessoas com Deficiência, mas isso não acontece, por outro lado, apenas escancara o desrespeito de algumas autoridades com a causa, pois muitas cidades ignoram a Lei Brasileira de Inclusão e não instituem o conselho, além disso, existem cidades que apenas criam a lei e nunca executam. Outro ponto triste é saber que em algumas cidades da região os conselhos da pessoa com deficiência são formados por pessoas sem deficiência, ai eu pergunto onde está a representatividade?
Outro ponto triste é saber que em algumas cidades da região os conselhos da pessoa com deficiência são formados por pessoas sem deficiência, ai eu pergunto onde está a representatividade?
Finalizo essa coluna com a ideia de que as ações ainda precisam evoluir muito, pois não há motivos para comemorar, afinal estamos longe de uma sociedade inclusiva, vale ressaltar sim as boas iniciativas. Porém, é preciso ser menos lúdico e, por vezes, infantil e dar o protagonismo as pessoas com deficiência, além disso, é preciso pensar uma semana para todos.
Porém, é preciso ser menos lúdico e, por vezes, infantil e dar o protagonismo as pessoas com deficiência, além disso, é preciso pensar uma semana para todos.
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