top of page
Buscar
Foto do escritorAntonio Silva

O AMOR AO ESPORTE E A QUEBRA DE BARREIRAS


Fotos: Arquivo pessoal.


Em dezembro de 2017 uma foto chamou a atenção de várias pessoas no meio de futebol, durante a final da Libertadores entre Lanus e Grêmio, foi fotografado um cadeirante torcedor gremista na arquibancada do estádio La Fortaleza, na Argentina. Para mim como jornalista, deficiente físico e pesquisador de assuntos relacionados a pessoa com deficiência, despertaram vários questionamentos, como a questão da acessibilidade nos estádios e a inclusão de pessoas através do esporte. Diante disso, decidi buscar o personagem dessa foto e conversar com ele sobre, com a ajuda de amigos, localizei o torcedor da foto, ele é Rivelino Justo, morador de Torres, 40 anos. Se tornou cadeirante devido a uma lesão na vértebra T4 completa.

A lesão teve origem após um acidente em março de 2014 na cidade de Anápolis, Goiás. Rivelino estava com sua moto Hayabusa e foi atingido por um veículo que fez uma conversão proibida “a partir daquele momento minha vida mudou radicalmente, permaneci em coma por cinco dias e mais 60 dias hospitalizado” explica.

Cerca de 10 meses depois de sair do hospital ele decide ir morar sozinho e se adaptar a vida na cadeira de rodas, entre as decisões tomadas, uma delas foi sempre acompanhar o Grêmio “uma das coisas que jamais deixaria de fazer é assistir meu time do coração” comenta.

Para cumprir essa promessa Rivelino sabia que teria que enfrentar muitas barreiras, entre elas a acessibilidade nos estádios. Em relação a isso Rivelino conta que em termos de acessibilidade para cadeirantes as condições não são boas “já fui a muitos estádios, mas as condições para cadeirantes são muito precárias, a maioria tem que conhecer bem antes para não correr o risco de chegar e não conseguir entrar” salienta. Já na Arena do Grêmio a situação é totalmente diferente,“Um cadeirante tem o prazer de assistir um jogo com uma visão privilegiada e um bom acesso” comenta.

E uma de suas maiores aventuras foi assistir a final da Libertadores contra o Lanus na Argentina, para conseguir ir ao jogo Rivelino enfrentou uma verdadeira saga, a primeira foi a compra do ingresso, como não era sócio do clube teve que comprar para a torcida adversária. O segundo passo foi o deslocamento até a Argentina, Rivelino foi de carro, após a chegada no estádio, graças a ajuda de amigos ele conseguiu entrar na torcida do Grêmio, sobre a acessibilidade no estádio do Lanus "A acessibilidade é zero, nos degraus não cabiam a cadeira, para poder ver o jogo contei com a ajuda de amigos que fizeram algumas adaptações na arquibancada, assim eu pude ver meu Grêmio campeão." conta.

Agora o próximo desafio de Rivelino é ficar em pé, ele vai começar um tratamento de Neuroestimulação em São Paulo, que pode durar até dois anos, "A expectativa é ficar em pé após seis meses mesmo com a lesão completa" finaliza.

0 comentário

Comments


bottom of page