Existem muitas formas de se posicionar, de criticar, de reivindicar e de representar e o humor é uma delas. E foi através do humor que o jornalista Paulo Fabião, paulista de 32 anos que tem paralisia cerebral, encontrou para se posicionar perante a sociedade e levantar temas relevantes para as pessoas com deficiência.
O papel do humor
Segundo Paulo o humor historicamente tem funções sociais importantes “O humor tem a função não só de divertir, mas também de conscientizar e informar.” Explica. Fabião busca informar, refletir e alertar através do humor, nas suas piadas levanta questionamentos sobre acessibilidade e demais temas que fazem parte do cotidiano da pessoa com deficiência “Através do riso, é mais fácil prender a atenção do espectador. E muitas vezes, sem que a pessoa perceba, a piada que ela ouviu, a divertiu, informou e a fez refletir, tudo ao mesmo tempo. Comenta.
A decisão de abordar a questão da pessoa com deficiência, se deu pelo fato do assunto não ser abordado no meio humorístico, “Se fala muito sobre acessibilidade, mas quase nada sobre os outros aspectos da vida da pessoa com deficiência. Eu procuro abordar a pauta de forma mais ampla com meu trabalho.”, além disso, Fabião conta que a decisão da temática se deu pela busca de representatividade “Também decidi falar sobre deficiência, porque a pauta é muito pouco discutida e abordada de modo geral.” Explica.
Reação do público
Assim como em todos os segmentos, tem pessoas que gostam e pessoas que não gostam das piadas, Fabião conta que a maioria se identifica com alguma coisa e entende, mas também tem quem não gosta “Algumas se sentem incomodadas por eu conseguir fazer graça com/sobre deficiência. Mas a maioria se identifica de alguma forma e se sente representada.”
A reação das pessoas também contribui no processo de inclusão, por isso, Fabião acredita que a pessoa precisa ser autêntica “Se é um andante fazendo piadas sobre deficiência, apenas para usar a "diferença" como escape cômico, em nada ajuda, muito pelo contrário.” Por isso, ele também aposta na representatividade “Se a própria pessoa com deficiência consegue se fazer protagonista, consegue se mostrar bem resolvido o suficiente para rir de si, e acima de tudo, falar de preconceito e outros temas delicados através do humor, e informar as pessoas sobre, isso é realmente inclusivo.” Afirma.
Planos para o futuro
Paulo conta que seus objetivos são crescer como humorista e cada vez informar mais pessoas “É ser cada vez mais visto como um humorista que é cadeirante e não um cadeirante que faz humor. Fazer cada vez mais shows pelo Brasil e que cada vez mais eu consiga rir e informar as pessoas com o meu trabalho.”
Recado final
Seja no humor, seja na música, nas artes ou em qualquer área a deficiência não classifica ninguém “A deficiência não te faz menor que ninguém, portanto, você não é um coitado. Mas ser uma pessoa com deficiência que vive normalmente, também não te faz maior que ninguém. Portanto, você não é nenhum herói por isso. Nossa busca deve ser por igualdade, por isso temos que nos ver como iguais, para o bem e para o mal.” Finaliza.
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