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O preconceito nosso de cada dia: 10 expressões cotidianas, porém, preconceituosas


Há algum tempo fiz um post na página do facebook pedindo para que as pessoas comentassem expressões cotidianas, porém, preconceituosas. Recebemos várias principalmente por mensagem, mas também apanhamos muito nos comentários sendo chamadas de “comunistas”, “esquerdistas” e “mimizentos”, principais argumentos daqueles que não tem argumentos ou negam a sua realidade e a necessidade de lutar por nossos direitos em busca de políticas sociais que realmente nos possibilitem a inclusão de fato.

Naturalmente fui acusado de político e de estar fazendo política, porém, preciso esclarecer a essas pessoas que viver é um ato político, conviver em sociedade é um ato político e que todas as nossas relações nascem de atos políticos.


Então lutar por meus direitos, pois também tenho deficiência, e daqueles que acompanham meu trabalho é uma forma de fazer política sim, e continuarei fazendo essa política propositiva e voltada para a inclusão social de toda e qualquer pessoa com ou sem deficiência.


Mas voltando ao tema do post selecionamos algumas dessas expressões que são comuns no nosso dia a dia:


1 – Dar um de João sem braço


Atinge diretamente as pessoas amputadas, com má formação e ausência de membro. Essa expressão remete a preguiça, pessoa desentendido ou desinteressado na realização de tarefas. O que não é o caso das pessoas com deficiências, mas isso faz que algumas pessoas usem essas expressões para desqualificar a deficiência ou até mesmo as lutas por inclusão e direitos.

2 – Mas é muito retardado


Faz referência à pessoa idiota, imbecil e sem noção das coisas, porém, o uso da palavra retardado também já foi significante das pessoas com retardo mental ou deficiência intelectual. Portanto, utilizar essas expressões para depreciar as pessoas é uma forma de preconceito e exclusão.

3 – A desculpa do aleijado é a muleta


Usado popularmente para se referir as pessoas preguiçosas e que fogem do trabalho, faz referência à incapacidade e a necessidade de ter uma “bengala” para fazer ou não fazer as coisas. No entanto segrega e distancia as pessoas com deficiência e as classifica como aleijados e também cria-se o imaginário que todos precisamos de ajuda para viver.

4 – Mais perdido que cego em tiroteio


Usado muito como forma de “humor” para se referir a pessoas perdidas ou atrapalhadas, faz referência ingrata às pessoas cegas, subjugando-as perdidas ou incapazes de realizar as mesmas tarefas que aqueles que enxergam, erro clássico que dificulta a inclusão e classifica essa classe como incapazes.

5 – Você é uma inspiração para nossa equipe


Muito presente em ambientes corporativos onde tem pessoas com deficiência é usada como fonte de “inspiração” visto que aquele “deficiente” que está ali faz as mesmas coisas que uma pessoa sem deficiência. Uma forma clássica de capacitismo e desvalorização da capacidade das pessoas

com deficiência.





6 – Nossa ele nem parece ter deficiência



Essa eu já ouvi muitas vezes, pois quando não estou em pé ou andando minha deficiência não é visível, mas cada vez que as pessoas usam essa expressão elas classificam a pessoa a partir da deficiência, desconsiderando toda a sua capacidade e a reduzindo a sua deficiência.

7 – Tá surdo (a) infeliz


Usada também como “brincadeira” quando a pessoa não escuta ou compreende o que foi dito. Mas carrega uma ideia de menosprezo e inferiorização da pessoa surda, além de dar a ide que quem não escuta seria alguém infeliz.


8 – Seu namorado (a) tem deficiência também?


A ideia de incapacidade faz com que as pessoas acreditem que uma pessoa com deficiência não faça a maioria das coisas que uma pessoa sem deficiência faça, inclusive, namorar. O que pode parecer apenas uma falta de informação também contribuir para a exclusão afetiva.



9 – Você pode fazer sexo? Seus filhos também terão deficiência?



Entender que pessoas com deficiência são assexuadas, ou seja, não tem capacidade sexual é uma ideia muito presente na sociedade, porém, a vida sexual é perfeitamente comum como a de qualquer outra pessoa, e nem sempre os filhos terão deficiência até por que a deficiência não está ligada a hereditariedade.

10 – Você foi contratado só para cumprir a cota, né?



Subestimar a capacidade e a qualificação da pessoa com deficiência, além de ser uma prática capacitista é uma forma de discriminação e pode ser autuada como crime. Mais do que uma “cota” pessoas com deficiência podem ser grandes profissionais nas suas áreas de escolha.


Esse texto é apenas um resumo da complexidade social que a maioria das pessoas com deficiência enfrentam, muito disso se justifica pela construção de um imaginário social, pautado pelos corpos ditos perfeitos e pela beleza, o que ao longo do tempo estigmatizou, classificou e excluiu muitas pessoas da sociedade.


O caminho para vencer esse quadro? Autocorreção e produção/divulgação de conteúdos que ajudem as pessoas a entenderem o preconceito cotidiano e passem a evita-lo.

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