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Foto do escritorAntonio Silva

Perfil Inclusivo #1: Liza Cenci

A série Perfil Inclusivo busca ouvir e dar voz a personagens que fazem diferença no processo inclusivo. Começamos a série com a gaúcha, Liza Cenci, que além de uma linda história de vida, tem um legado de lutas pela inclusão:



Perfil

Me chamam de Liza, prefiro, Liza Cenci formada em Direito, advogo, busco e luto sempre a dignidade humana, em um país desigual, tenho 44 anos e desde muito cedo, com 13 ou 15 anos me via discutindo as diferenças com que pessoas como eu, com deficiência eram tratadas, acompanhava minha irmã mais velha que passava o ímpeto de termos um mundo melhor sem preconceitos. Frequentávamos a FCD, (Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes), na Cidade de Veranópolis. Minha irmã mais velha, eu e minha irmã mais nova tivemos uma Acroosteolise Neurogênica, cujo sua classificação era dentro das milhares de Polineuropatias, de origem genética.

Dos 4 filhos as 3 mulheres tiveram, no decorrer da nossa adolescência vieram as cirurgias de amputações das quais nos deixaram em cadeiras de rodas. Mas nunca perdi o verdadeiro valor pela vida, por isso, me vejo na luta por mais direitos, mais políticas públicas para nós mulheres com deficiência. Sou voluntária na ONG Caminhadores RS, Diretora Jurídica da FREDEF- Federação Riograndense de Entidades de Deficientes Físicos, ex-Presidente do COMDEPA, Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com deficiência de Porto Alegre, onde tivemos várias ações para valorizar nós pessoas com deficiência, atuo também como conselheira no Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do RS, Consultora em Acessibilidade e Inclusão Social e participante do CFMDHK- Coletivo Feminista Helen Keller.


1 – Quando e porque você decidiu se tornar uma militante dos direitos da pessoa com deficiência?

Acredito que após ouvir de tantas pessoas que a maioria das dificuldades que pessoas com deficiência passam é um problema social, pois vivemos em um país onde ainda somos invisíveis, onde deveríamos proteger nossos direitos básicos, discutir claramente os conceitos inclusivistas, abordar a inclusão na escola sem delongas, na saúde, no mercado de trabalho, esportes, artes e turismo onde deveríamos todos nós fazermos uma análise sobre os desenhos universais, que mundo deixaremos? A ONU alerta que 80% das Pessoas que vivem com algum tipo de deficiência residem em países em desenvolvimento. O capacitismo estronda dia por dia e isso é assustador.

2 – Que tipo de coisas ou ações mais te incomoda no processo inclusivo?

Ah são tantas coisas, tudo é muito lento, quando dependemos da maquina pública, muito burocrática quando é para políticas de inclusão, se todos fizessem sua parte seria mais fácil de conscientizar as pessoas, devemos entender a garantia da acessibilidade universal entre todos.


3 – Na tua visão quais são os conteúdos mais importantes para realizar a inclusão de fato? Sempre citei que sem educação não há inclusão, as duas coisas essenciais para que haja a efetiva dignidade e diretos de todos. Leis temos, falta a fiscalização efetiva.


4 – Qual é o maior inimigo do processo inclusivo?

A desinformação e a falta de união entre nós.


5 – Quem são tuas referências no mundo da inclusão?

Tenho algumas pessoas; Izabel Maria Loureiro Maior, professora de medicina na UFRJ, foi a primeira mulher pessoa com deficiência a comandar a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoa com Deficiência e é liderança há mais de 30 anos do Movimento das Pessoas com Deficiência uma inspiração, o assistente social, consultor de reabilitação e escritor Romeu Kazumi Sassaki, no qual tive a oportunidade de estar palestrando ao seu lado em um Seminário de Turismo Acessível em Curitiba, Rotechilds Prestes, amigo e Presidente da ONG Caminhadores RS, atual Presidente do COEPEDE de 2005 pra cá tenho aprendido muito com ele.


6 – O que mais te da medo?

A falta de empatia e o capacitismo, que é a discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência. Em sociedades capacitistas, a ausência de qualquer deficiência é visto como o normal, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções; a deficiência é vista como algo a ser superado ou corrigido, um exemplo de postura capacitista é dirigir-se ao acompanhante de uma pessoa com deficiência física em vez de dirigir-se diretamente à própria pessoa. O termo é tradução da forma nascida em países de língua inglesa, para descrever a discriminação, hoje considerada crime, e preconceitos e opressão contra pessoas com deficiência física ou mental, advindos da noção de que pessoas com deficiência são inferiores às pessoas sem deficiência. Inclui desta forma, tanto a opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível) quanto a opressão passiva (como reservar às pessoas com deficiência tratamento de pena, de inferioridade/subalternidade).


7 – O que mais te deixa feliz?

Quando vejo uma menina empoderada, respeitando e ensinado a respeitar no coletivo.


8 – Quais dúvidas ou certezas guiam seu trabalho?

Sou apenas uma semente que cresceu querendo o melhor, uma cidade adaptada, um mundo acessível, com igualdade social, dignidade para as mulheres com deficiência, vemos diariamente a dupla vulnerabilidade que vivem essas mulheres e meninas, que a sociedade pouco reconhece essa desvantagem.


9 – Se pudesse mandar um recado ao presidente Jair Bolsonaro, o que diria?

...

10 – Indique um livro para nossos leitores... se possível dentro do universo da inclusão.

No momento estou lendo estes, Eu Sou Malala, ou a História de Helen Keller as duas são grandes histórias.



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