Nunca se falou tanto em inclusão como nos últimos anos (ainda bem!), de fato hoje temos diversas formas de debater e construir formas de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Mesmo assim ainda estamos longe do ideal, muitas coisas ainda são novas, e certos erros são naturais, mas que devem ser observados e corrigidos para que haja inclusão de fato.
Ao pensar em inclusão é comum as pessoas, logo se lembrarem da rampa, dos bancos preferenciais, da colocação e tratamento igual de um aluno com deficiência intelectual numa turma comum, do piso tátil, do Braile e demais ações que vem se tornado rotineiras na sociedade. Porém, essas ações são realmente inclusivas? Elas realmente dão a autonomia que a pessoa com deficiência busca e precisa? Ou elas apenas estão lá como uma forma de integração?
Mas, antes de dar uma resposta (se é que há alguma), precisamos entender os conceitos e buscar relacionar ambos, a fim de entender esse processo que vivemos. A inclusão é a prática total e incondicional de condições de acesso a pessoas com deficiência nos locais, dando a elas autonomia e independência. Já a integração é a inserção parcial e condicional dada às pessoas com deficiência, dessa forma, não possibilitando a elas o acesso com independência e autonomia aos locais.
Para tentar explicar de uma forma mais didática, vou usar um exemplo que me motivou a escrever sobre esse tema, recentemente fui a um evento em um local com acessibilidade na entrada, já que a rampa era absolutamente perfeita, porém, ao entrar no auditório percebi as marcações nos acentos destinados a cadeirantes e demais pessoas com deficiência, inclusive havendo um específico para pessoas obesas, que se incluem no perfil da mobilidade reduzida.
No impacto visual a primeira impressão que vem a cabeça é “nossa como estão bem sinalizados os locais”, porém, pude observar que entre uma fila e outra não passava uma cadeira de rodas e sequer uma pessoa obesa teria espaço para se sentar e movimentar de forma adequada. Isso é um exemplo de ação de integração, pois existe a oferta, mas a mesma não atende ao público da forma correta.
Isso também é comum no transporte público, diversos ônibus são identificados como acessíveis, mas na verdade não são, assim como prédios e demais estabelecimentos que oferecem a acessibilidade pela metade. Essas ações não só atrapalham a inclusão, como também servem de estimulo para a exclusão, pois bate diretamente no direito de ir e vir de todos nós.
A rampa feita de forma errada, o piso tátil da mesma cor da calçada, o ônibus com falsa acessibilidade, os prédios sem as devidas adaptações todas essas ações são ações de integração, pois elas prometem incluir, mas não fazem da forma correta. Servem como disfarce aos reais problemas e dificuldades para a inclusão de fato.
Por isso, deixo aqui a reflexão: Suas ações são de inclusão ou apenas de interação? Pense nisso.
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